terça-feira, 3 de setembro de 2013

Da cruz ao mercado gospel





"Vendo Jesus em torno de si uma grande multidão, ordenou que passassem para o outro lado do lago. Então um escriba aproximou-se dele e disse: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei. Respondeu-lhe Jesus: as raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça." Mat 8

Recentemente vi um 'profissional da bíblia' fundador de igrejas (empresas) falando a respeito do Mercado gospel. Segundo ele, este é um mercado de grande potencial no Brasil que tem sido pouco aproveitado pelo povo cristão. Então, pensando neste mercado e no povo, ele teve uma ideia mirabolante que trará lucro a todos, usou o seu programa na TV pra lançar a proposta. Foi dureza ouvir ele falando; até aquele momento eu não havia percebido a firmeza e descaramento desse mercado tão promissor. O pregador em questão é um dos mais conhecidos do Brasil, uma grande influencia, lamentavelmente.
Depois de ouvir tudo o que ele disse só consegui concluir uma coisa: Segundo a filosofia desse senhor e de, infelizmente, milhares de outros cristãos modernos, Cristo foi um atrasado de mente, um  sujeito sem visão e pouco esperto. Veja, Ele poderia ter ganho rios de dinheiro negociando pães multiplicados, poderia ter sido comerciante de vinho, negociado pedaços de tecido com seu suor, poderia ter citado mais a vida de José no Egito, do rei Davi, e de outros homens que passaram da escuridão para a fama e prosperidade - dessa forma quem sabe ele não teria conquistado o coração dos escribas, fariseus e toda aquela gente que implicava com ele. Jesus tinha diante dele uma infinidade de possibilidades de lucro fácil e rápido. Ele deu mole...
Não sei o que passa na cabeça dessas pessoas, que bíblias elas leem, como a modernidade, capitalismo e dinheiro afetaram seus cérebros. Só imagino que a maioria pense que o mundo mudou e que elas precisam acompanhar e se adaptar a essas mudanças. Até aí beleza, compreensível em alguns aspectos.
Mas, quando esbarramos na bíblia somos obrigados a puxar o freio de mão. A biblia não mudou. Jesus não mudou, a proposta dele permanece a mesma -  aparentemente, bem desinteressante se comparada ao que o mundo e satanás nos oferece ( veja a oferta de satanás - Mateus 4:8-9- bem mais atraente, né?)
Jesus não oferece casa confortável, carro de luxo, saúde perfeita em tempo integral,  viagens de jatinho ao exterior para pregar, missões na Holanda com tudo pago, nem mesmo o almoço de todo dia. Nada disso. Ele fala em uma tal de cruz que a gente deve carregar para segui-lo, ainda diz, conforme o versículo citado no inicio do texto, que a vida de um seguidor dele não é pautada por conforto e segurança. Ele não oferece seguro de vida contra perdas ou danos; e a morte ,segundo ele (Mat 16), é lucro.  Antes de partir, faz questão de nos instruir a não ajuntarmos riquezas aqui, onde a traça e a ferrugem corroem, mas acumularmos tesouros nos céus. (Mat 6)
Nossa morada na terra é a cruz, nosso alvo é a cruz. Precisamos nos lembrar do caminho de Cristo até a cruz, esse caminho é o nosso caminho: Renuncia, serviço, humildade, simplicidade, sinceridade, sabedoria do alto, fé e amor. Esses devem ser os alvos dos nossos investimentos. Dai, alguém diz, mas precisamos de dinheiro, os pastores e lideres precisam sobreviver, suprir as suas necessidades. Dai, a resposta: Respondeu-lhe Jesus: as raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça."
Essa é a proposta, mas não somos obrigados a aceita-la, se a consideramos  medíocre e desinteressante temos a porta da rua como serventia da casa. 
O que não podemos é usar o nome dele com o intuito de  ganhar dinheiro e fama. Canta bem? componha cantigas de ninar. E bom comerciante? abra uma empresa de parafusos. Escreve bem? invista nos livros de autoajuda, é um bom mercado. Enfim, vá trabalhar. 
O que não podemos, não estamos autorizados segundo a Palavra, é usarmos o nome de Cristo para fazermos fortuna pessoal, fazer dele uma marca e da igreja um mercado consumidor, e muito menos acharmos ou induzirmos outros a acharem que Deus é o nosso gênio da lâmpada, desenvolvido especialmente para fazer nossas vontades.
"Jesus entrou no templo e expulsou dali todos aqueles que se entregavam ao comércio. Derrubou as mesas dos cambistas e os bancos dos negociantes de pombas, e disse-lhes: Está escrito: Minha casa é uma CASA DE ORAÇÃO , mas vós fizestes dela um covil de ladrões. Mat 21"
Em suma. Cristo impôs as condições e a forma de trabalho com ele (que aos olhos humanos e carnais não é lá muito interessante). Segundo a Palavra, os lideres e obreiros devem viver dos dízimos e das ofertas dadas com coração voluntário. Se queremos segui-lo pagaremos o preço que for necessários e nos submeteremos a sua vontade, sem jogada de marketing. 

Por tudo isso, a imagem atual da igreja diante do mundo é a da moeda corrente. Não invista no mercado gospel, ele só existe porque cristãos o sustenta e tolera. Pense nisso. 
Voltemos a velha e boa cruz para que o Senhor seja conhecido, e faça o que Ele veio fazer: TRANSFORMAR E SALVAR VIDAS.

"Aquele que diz estar nEle deve andar como Ele andou" 1 joão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário